Nesta quarta-feira (16), em parceria com a Cidade da Inovação, o Base27 realizou o Workshop Regional: Cidades Inteligentes e Sustentáveis. Com cerca de 100 pessoas presentes, especialistas e executivos da ArcelorMittal e Nós Arquitetura+Engenharia e pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) debateram os desafios e soluções para a transformação do cenário urbano com a construção de cidades mais inteligentes e resilientes.
Em 2020, a Comissão Europeia definiu as cidades inteligentes como a localidade em que as redes e serviços tradicionais se tornam mais eficientes pelo uso de tecnologias digitais e de comunicação para o benefício dos habitantes e negócios. Estima-se que em 2030, dois terços da população mundial viverão em cidades. O crescimento da população urbana gera desafios como congestionamentos e emissão de gases, além dos relacionados à infraestrutura, transporte, energia e emprego.
O evento destinado a profissionais, gestores públicos e demais interessados nas transformações urbanas uniu tecnologia, segurança, eficiência econômica e parcerias público-privadas com palestras, painel e exercício prático. O Prof. Dr. Everlam Elias Montibeler, Coordenador do LabCidades sediado na Ufes, tem desenvolvido projetos de automação com tecnologias avançadas junto a prefeituras do estado do Espírito Santo e destaca a união de esforços entre academia, poder público e iniciativa privada.
“A gente está muito focado na parte de equipamentos. Entendemos que a cidade tem sensores, mas somente isso não é suficiente para uma cidade inteligente. Eu preciso conectar esses dados. Dado é uma coisa, informação é outra. Hoje, nós temos muitos dados mas não temos informações. Para você criar uma cidade inteligente, você precisa partir para a segunda etapa: trabalhar esse Big Data e criar uma informação. Na terceira etapa, com dados trabalhados, você consegue tomar decisões. O sonho de uma cidade é que tomadas de decisões possam ser automatizadas. Eu já não preciso de um guarda de trânsito dizendo que horas abre ou fecha o sinal. Não preciso de um operador de energia dizendo que, se está faltando energia, tem sobrecarga e vai ter que cortar iluminação pública de determinada rodovia porque não pode faltar no hospital. Uma inteligência pode fazer isso para nós”, explica.
Para a Profa. Dra. Cristina Engel (UFES), pensar em desenvolvimento urbano, inovação e qualidade de vida passa por sustentabilidade, logo, mudanças climáticas. A academia deve cumprir o seu papel de produção de conhecimento, com produção de pesquisa e atuação junto à sociedade.
A automatização das cidades passa por políticas públicas de estado, metas para redução das emissões, de mitigação e de adaptação, programas que promovam resiliência e equidade social e gestores públicos capacitados.
“Resiliência é a capacidade de se recuperar de situações de crise e aprender com ela. É ter a mente flexível e o pensamento otimista, com metas claras e a certeza de que tudo passa. Eu como professora e como estudiosa do assunto, eu acredito muito nisso. As mudanças climáticas e as cidades, elas vão vir muito mais rápido do que se imaginava. A meta (do Acordo) de Paris, de 2015, que era limitar o aumento da temperatura global em até 2°C, passou”, pontua.
Ricardo Moreira, Especialista em Desenvolvimento de Coprodutos Siderúrgicos da ArcelorMittal, empresa mantenedora do Base27, reforçou o papel da diversidade e da escuta ativa como pilares para a inovação dentro das empresas.
“A gente tem que estar aberto para que a representatividade social esteja dentro do ambiente industrial e econômico. Isso tem que ser uma porta aberta. Não pode ter barreira. Se existe alguma barreira de desenvolvimento social, na educação a gente tem que fomentar e trabalhar a representatividade. Só assim a gente vai entender o que a realidade pode contribuir com o todo. E ser sustentável porque sem sustentabilidade essa bandeja fica desequilibrada.”