Nesta sexta-feira (08) é comemorado o Dia Internacional da Mulher, e o Base27 entrevistou quatro mulheres da comunidade B27 para colher ideias e levantar pontos de discussão relevantes na luta por igualdade de gênero e oportunidades.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) apontam que, em média, a cada dez mulheres com idade para trabalhar, apenas 5 participam do mercado. Já entre os homens, 7 a cada 10 estão na força de trabalho. A baixa proporção de mulheres oferecendo sua mão de obra é um problema econômico e social, pois aponta para uma potencial perda de talentos pelas organizações.
A mesma pesquisa também expõe a discrepância salarial que ainda existe entre homens e mulheres no Brasil. A remuneração média dos homens em 2022, ano da pesquisa, foi 28,3% maior do que o das mulheres.
Na Comunidade B27, empresas mantenedoras reconhecem as adversidades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho, e destacam a importância de apoiar e dar voz para que elas consigam fazer parte dos processos de desenvolvimento e implementação de soluções inovadoras.
Ana Paula Rosa, Analista de RH da Nexa Tecnologia, conta que a empresa possui vagas afirmativas, com a meta de empregar mais mulheres. “A nossa meta é trazer mais mulheres, sobretudo mulheres pretas para ocupar os cargos. Já conseguimos atingir parte dessa meta para cargos de alta liderança e seguimos trabalhando, fortalecendo e trazendo informações. Esse ano vamos atuar muito nesse sentido de formação para mulheres para que elas possam se empoderar e trazer o seu protagonismo, sustentar esses talentos que estão chegando para a gente. Não basta só trazer, temos que fazer algo mais consistente”, ressalta.
A especialista ainda destaca a importância da autonomia financeira para a mulher. “Ela busca uma formação, vai se especializando e não se submete a relacionamentos abusivos, entende melhor sobre tipos de violência. Tudo isso vem trazer lazer, saúde, aumento de renda, respeito ao profissional, enfim, todo um empoderamento econômico”, completa.
Benefícios para as organizações
Mas o crescimento das mulheres no mercado de trabalho vai além da questão social. Michele Janovik, CEO do Base27, acredita que é preciso falar mais sobre como o investimento em profissionais capacitadas gera resultados, tendo em vista que não há mais espaço para a distinção de gênero definir as tomadas de decisões das empresas.
“As organizações são compostas por grupos de pessoas, que atuam sobre um determinado objetivo. Quanto mais diverso for este grupo, mais chances de sucesso na inovação a organização terá, especialmente por propiciar que as perspectivas sejam mais amplas, com diferentes pontos de vista e experiências que enriquecem a capacidade de uma equipe de identificar problemas e gerar soluções inovadoras”, aponta.
Considerar a importância da diversidade nos times já se mostrou essencial para as empresas, inclusive nos resultados. Diferentes perspectivas enriquecem e melhoram os processos e fomentam ideias e soluções. Dentro desse contexto, a CEO do Base27 visualiza que a diversidade e a inovação caminham lado a lado nas empresas mais competitivas.
“Ao incorporar uma variedade de perspectivas, as decisões tendem a ser mais bem fundamentadas e equilibradas, minimizando os tais vieses inconscientes. É possível atender às necessidades diversas, uma vez que a diversidade de gênero garante uma compreensão mais ampla e precisa das necessidades de diferentes grupos de clientes, resultando em produtos e serviços mais inclusivos e eficazes”, destaca.
Como hub de inovação, o Base27 tem o papel de conectar pessoas à inovação para gerar valor para as empresas e para a sociedade. O hub possui um quadro de colaboradores composto majoritariamente por mulheres, e todas as suas diretorias lideradas por pessoas do sexo feminino. Juliana Ferrari, Diretora de Educação, falou sobre o potencial dessas mulheres, muitas vezes prejudicadas pelo preconceito, antes mesmo de suas contratações.
“O Base27, sempre que possível, promove, apoia e patrocina iniciativas voltadas ao empreendedorismo feminino. Também abrimos espaços de discussão sobre essa temática e demonstramos, pelo nosso próprio exemplo, o potencial das mulheres em ambientes de inovação. Nosso time é majoritariamente feminino e as escolhas foram feitas pela competência de cada uma”, explica.
Formação e desafios para o futuro
Além do trabalho realizado com as empresas da comunidade, o Base27 também apoia e patrocina o Instituto Oportunidade Brasil (IOB), organização que objetiva aumentar a inclusão de jovens afro-brasileiros em situação de vulnerabilidade social nos cenários Educacional e Profissional. Dentre os projetos apoiados, o “Meninas Tech” tem foco especial na formação e empoderamento de mulheres para o mercado.
Para Verônica Lopes, presidente do IOB, a parceria com o Base27 oferece uma oportunidade incrível de empoderamento por meio de cursos de qualificação em tecnologia e uma variedade de atividades complementares, como mentorias e cursos de inglês, que ampliam as habilidades e perspectivas destas meninas. “Essa colaboração não apenas capacita individualmente essas mulheres, mas também tem um impacto positivo em suas comunidades”, afirma.
Por isso, o Base27 promove discussões e projetos para encorajar estudantes a explorarem seus potenciais. Assim, é possível vislumbrar um ambiente de trabalho cada vez mais equitativo e justo para todas as pessoas. Juliana Ferrari, Diretora de Educação, analisa o cenário brasileiro atual, e deixa uma reflexão.
“As mulheres têm se permitido se realizar mais profissionalmente e ocupar espaços antes não imaginados, o que vejo como muito positivo. O mercado já reconhece a capacidade de realização das mulheres. Entretanto, a cobrança e as múltiplas tarefas que a mulher ainda tem que dar conta permanecem as mesmas, o que, muitas vezes, torna a permanência no mercado mais difícil e estressante do que para os homens. Precisamos avançar como cultura e sociedade ainda mais para ressignificar esses papéis do homem e da mulher”, pondera.