Apesar da inclusão de colaboradores neurodivergentes no mercado de trabalho ser garantida por lei, o preconceito e a falta de assistência são frequentes nas organizações. Nesta terça-feira (2), Dia Mundial de Conscientização do Autismo, o Base27 realizou o evento “A Inovação sob novos espectros: ESG, Neurodivergência e inclusão do mercado de trabalho” para levar ações e exemplos das empresas mantenedoras para toda a comunidade.
Como todo colaborador, pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) buscam construir uma carreira. Estima-se que apenas 20% dos autistas no mundo estão empregados, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, o desafio é ainda maior, já que pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) detectou que 85% dos profissionais autistas estão fora do mercado de trabalho.
Por outro lado, algumas empresas enxergam potencial na diferença. Esses colaboradores frequentemente possuem características lógicas, matemáticas e artísticas com grande desenvoltura. Ana Paula Rosa, Analista de Recursos Humanos nas áreas de Treinamentos & Capacitações e Diversidade & Inclusão na Nexa Tecnologia, reconhece a capacidade de pessoas com TEA em pensar “fora da caixa” e inovar.
“As pessoas neurodivergentes podem ser altamente focadas, com grande atenção aos detalhes, o que pode ser uma grande vantagem em trabalhos que exigem precisão e concentração. A inclusão de pessoas com autismo é uma parte de um processo que se inicia de dentro para fora. A implementação de uma cultura inclusiva e respeitosa pode ajudar a promover a aceitação e a valorização da neurodiversidade não só na organização como na sociedade de um modo geral”, ressalta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que há cerca de 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo. Desde 2007, a ONU intitulou a data de 2 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo para eliminar preconceitos em relação às pessoas com TEA e proporcionar um ciclo de debates e conscientização social.
Para mudar esta realidade no Espírito Santo, Juliana Ferrari, Diretora de Educação do Base27, acredita ser necessário mudar a forma de pensar e agir dentro das organizações. Ou seja, reagir à falta de informação, à própria desinformação e ao despreparo.
“Há demandas específicas para receber pessoas com TEA no ambiente de trabalho. Não basta receber, tem que fazer com que permaneçam e se sintam parte. Isso demanda envolvimento de todos e mudança de cultura da empresa. Não pode ser um ato isolado para cumprir metas e sim uma filosofia da empresa que se diz inclusiva”, destaca.